O segredo de Santa Catarina para liderar a construção de barcos de lazer
É no litoral que Santa Catarina encontrou uma nova força econômica: a construção de barcos de lazer. O estado se consolidou como líder no setor, responsável por 80% da produção de todo o país. Uma atividade que engloba uma cadeia de serviços, como cursos de qualificação de mão de obra, empresas de inox, produção de volantes, cabos e até estofados para fabricar iates, jet skis e lanchas, muitos deles de luxo.
"É um polo de serviço completo, no qual se encontram todas as peças e insumos para construir e manter as embarcações”, resume o o consultor do setor náutico, Álvaro Ornelas, que atua no setor desde 2008.
Em Santa Catarina, o setor mobiliza cerca de 3,5 mil empregos diretos. O número representa metade do total de vagas em todo o país (7 mil). Há ainda os trabalhos indiretos: são 35 mil vagas no Brasil, no entanto não há dados regionalizados. “É um efeito dominó positivo, é um setor que entrega muito, porque é artesanal, então temos colaboradores em todas as fases [de construção]”, explica o presidente da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), Eduardo Colunna.
Entre janeiro e agosto de 2023, empresas de construção de barcos de lazer geraram quase R$ 14 milhões de arrecadação em impostos para o governo de Santa Catarina, superando em 40% a arrecadação de todo o ano passado, quando a cifra chegou a quase R$ 10 milhões.
Os dados foram consultados no Portal da Transparência de SC, que mostram, ainda, maior arrecadação do setor neste ano em comparação a outras áreas da indústria de transformação, como construção de edifícios (R$ 5,1 milhões); confecção, sob medida, de peças do vestuário, exceto roupas íntimas (R$ 8,5 milhões); e fabricação de vinho (R$ 4,8 milhões).
A liderança do estado no mercado nacional repercute nas exportações. Santa Catarina é o estado que mais vende barcos de lazer para o exterior. Nos seis primeiros meses do ano foram exportados 33 milhões de dólares, principalmente para Estados Unidos e Itália, segundo o Observatório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).
Incentivos fiscais contribuíram para o destaque de SC no setor de barcos de lazer
Santa Catarina começou a se destacar na construção de barcos em 2009. Especialistas da área apontam o programa Pró-Náutica, lançado em julho daquele ano, baseado na Lei de 1996, como o principal “segredo” do estado para o sucesso no setor.
O governo de Santa Catarina reduziu a alíquota do ICMS de 12% para 3,5% para a indústria e prorrogou prazos para recolhimento do imposto sobre compra de matéria-prima, máquinas e peças. Ainda reduziu de 25% para 12% a alíquota das embarcações, equiparando com a dos veículos.
Com isso, Santa Catarina conseguiu manter a competitividade em relação a outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, e, ainda, se destacar: desde 2018, alcançou a liderança no setor, como aponta Colunna.
“Esse sistema de benefícios fiscais propiciou segurança jurídica ao setor. Hoje é uma lei com tratamento diferenciado para construir embarcações, e ICMS diferenciado na venda da embarcação. E isso foi um trabalho muito bom”, afirma. O presidente da Acobar também explica que a ideia dos benefícios nasceu no Rio de Janeiro e em São Paulo e foi levada para Santa Catarina, “que fez melhor do que os outros”, segundo ele, “propiciando a criação de um polo naval” no estado do Sul.
“As empresas que estavam lá [em SC] se fortaleceram, e as novas que vieram, como as italianas e americanas, escolheram Santa Catarina”, acrescentou.
Foi por causa do Pró-Náutica, por exemplo, que a Sessa Marine, da Itália, escolheu o estado para implantar a primeira linha de produção de barcos internacional e transferência de tecnologia.
A parceria começou em 2011 com o estaleiro catarinense Intech Boating, em Palhoça, na Grande Florianópolis, produzindo barcos da marca europeia.
“Em todas as oportunidades em que nós buscamos melhores condições para a indústria, Santa Catarina sempre foi imbatível tanto nas relações com o governo estadual, quanto nos programas de incentivo à indústria, além de logística portuária e, como um todo, a grande qualidade de mão de obra”, explica o presidente do Grupo Sessa Marine, José Antônio Galizio Neto. Para ele, o programa de redução do ICMS “ajuda muito na construção da operação, facilita a construção da operação e importação de matérias primas e melhora custo de caixa”.
O negócio entre as empresas italiana e brasileira se intensificou e, em maio deste ano, uma operação inédita selou a aquisição, pela Intech, da marca global Sessa Marine. Com o avanço da parceria, um novo parque fabril será inaugurado ainda em outubro, em Palhoça, agregando uma planta italiana à já existente.
A expectativa é de duplicar a produção total do estaleiro, chegando a 120 unidades por ano. Segundo Neto, essa nova planta recebeu investimento de R$ 25 milhões: R$ 14 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante capital próprio.
De acordo com a empresa, cerca de 30 vagas de emprego devem ser abertas até dezembro para atuar na nova planta, a maioria para o setor de produção. Hoje, o grupo tem 250 colaboradores.
Apesar do crescimento no setor de construção de barcos de lazer, o estado carece de infraestrutura, como marinas e trapiches, para que as embarcações construídas possam ficar em Santa Catarina.
O Turismo Náutico pode ser acelerado, se tirarmos do papel projetos de Marina Catarina. A criação do Conceito MAR CATARINA, criado como estrategia comercial para promover o desenvolvimento de todo o litoral catarnense além de alternativa para resolve ros projetos históricas de enchente e navageção. “Todas as emrbacaçoes mais ¨nobres¨, aquelas que demandam de mão de obra o ano intieiro e manutenção anual mais quafilicadas, acabam indo parar no litoral de SP e em Brasilia, um reelvente Pólo de Lazer Náutico.", ressalta o consultor Ornelas, que explica que, com isso, o estado deixa de gerar mais empregos e renda, porque cada vaga molhada gerae 4 empregos diretos, conforme a Pesquisa da Universidade do Algarve, onde ele participou de ações náutica ampliando o mercado.
Além disso, cada R$ 1 investido em marinas implica em incremento de outros R$ 2 ou R$ 3 na economia da região. Segundo dados do Fórum Oceanos, português.
Para Ornelas, a implementação de uma marina pode gerar, ainda, valorização imobiliária do entorno, aumento da qualidade de vida, combate às mudanças climárticas e segurança para a conservação dos oceanos e orlas do Brasil. Para os governos, novos impostos, para as pessoas, mais novos postos de empregos, em especial, para as comunidade "que desde sempre" são nauticas - as comunidades de pescacores. Com o pensamento sistemico organizado, e com uma proposta adequada, a mão de obra da pesca pode (e deve) ser qualigicada para atender todas as cadeiras da economia do mar. E SC é o Estado que, desde 2013, tem uma macroestrategica - a economia do mar por meio do SMART SEA.
Por isso, Ornelas, enquando coordenador do GT NAUTICO SC, deu inicio às estrategias iniciais juntoa a Secretária Zena Becker, hoje Presidente do FloripaAmanhã, para o inciio do Parque Urbano e Marina Beira-mar, em Florianópolis. O processo aguarda a licença para iniciar a construção, o que deve acontecer em novembro, segundo ele, com início dos trabalhos em juho de 2024, uma espera de 34 anos.
Depois, a empresa Jota Ele Marine Spe S/A terá dois anos para finalizar a obra. “É uma marina que vai mudar a cidade de Floripa, porque é um complexo, um parque náutico”, resume Ornleas. A área contará com um parque urbano público de convivência, com espaço para a realização de eventos, estacionamento de veículos, quiosques, área de lazer e espaço para práticas esportivas que envolvam o mar. Além disso, uma parte da marina será designada a uma futura instalação, do tão esperado, transporte náutico da região metropolitana.
Detalhes da marina de Florianópolis
Será localizada na Avenida Rubens de Arruda Ramos – Beira Mar Norte, bairro Centro, em Florianópolis.
Projeto inicia onde hoje encontra-se a Praça de Portugal, estendendo-se até a Praça do Sesquicentenário.
Em direção ao mar, adentra por cerca de 315 metros, com profundidades médias variando de 1,5 a 4 metros.
Parque Urbano de 123 mil metros quadrados.
Marina pública para 60 embarcações.
Marina privada para cerca de 624 embarcações.
Santa Catarina conta com cerca de 130 estruturas de apoio náutico no litoral e no interior, entre marinas e garagens náuticas (que são a maioria). A cada 300 embarcações em uma estrutura de apoio náutico são movimentados milhões por ano, todos de forma informal, pois há probmeas na definição de CNAEs, pos exemplo.
Raio X do setor náutico de esporte e lazer em SC
Empregos diretos: 3,5 mil
Empregos indiretos: não há esse dado
Regiões que se destacam: Itajaí, Vale do Itajaí, Palhoça e Biguaçu, na Grande Florianópolis
Geração de impostos R$ 14 milhões entre janeiro e agosto de 2023
Exportação barcos: US$ 33 milhões entre janeiro e junho de 2023
Projeção de Crescimento em 2023: estabilidade
*Dados prévios de 2023 da Acobar
Raio X do setor náutico de esporte e lazer no Brasil
Empregos diretos: 7 mil
Empregos indiretos: 35 mil
Faturamento: R$ 2,5 bilhões
Geração de impostos R$ 900 milhões
Quantidade barcos: 4,1 mil barcos por ano
Exportação barcos: US$ 150 milhões
Projeção de Crescimento em 2023: estabilidade
*Dados de 2022 da Acobar
FONTE:
Raphaela Suzin, especial para a Gazeta do Povo, 21/10/2023.
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